A arte que encanta

10/01/2024

Por Pe. Frei Marcelo Aquino, O. Carm 

Ultimamente muito se tem falado de artes no Brasil, mas lamentavelmente as "artes" exaltadas nas cidades, nos teatros, nos museus e até em praças públicas, nada tem de arte verdadeira.

O que ali se apresenta são formas de muito mau gosto numa tentativa de fazer os espectadores ganharem novos gostos pela arte. Graças a Deus, até agora, as tentativas foram frustradas. O povo brasileiro é um povo conservador e os arautos das artes dos infernos terão que nos engolir.

O papel da arte é elevar o espírito, e elevar o espírito para Deus, mesmo sendo um país "laico", o objetivo da arte não muda. É o mesmo aqui ou em qualquer parte do mundo, e não é o gosto deste ou daquele que vai fazer com que um significado universal ganhe ares particulares.

Precisamos ensinar, sobretudo para as crianças, o valor das artes. Nada mais salutar que levar uma criança num museu de arte sacra, por exemplo. Há também outras artes -não sacras- que também servem para elevar o espírito.

O bom seria que esse pequeno artigo fosse ilustrado com pequenas fotos de algumas obras de arte para melhor compreensão, mas imaginemos que estamos, por exemplo, diante da imagem da Pietá no Vaticano. Também usemos nossa imaginação e contemplemos a imagem de Santo Inácio com uma lança no pescoço de Lutero, tem obra mais linda?

As obras de artes assim como as imagens dos santos em nossas igrejas têm a missão não apenas de nos fazer enxergá-las, mas de nos fazer viajar na imaginação, quem sabe até para o tempo em que aquele santo viveu? Quem sabe imaginar a Capela Cistina sendo pintada por Michelangelo?

A verdade é que as artes não podem tomar outro rumo e passar a transmitir outros valores que não àqueles primários. No entanto, as artes podem tomar outro sentido se nós não valorizarmos o sentido primeiro.

Será que já pensamos, por exemplo, em visitar o museu do Ipiranga? Não agora, pois está fechado para reforma, mas quando estava funcionando. É um lugar espetacular, só a fachada já vale a visita.

Será que já levamos nossos filhos para conhecer igrejas católicas com arquitetura que nos falam de Deus?
Vale pensar no tema.

Quando valorizamos a arte verdadeira, ganhamos um novo impulso para muitas coisas na vida, inclusive passamos a valorizar mais a vida, o belo nos leva a Deus, não esqueçamos nunca disso. É preciso valorizar mais o belo para podermos colher os frutos desta beleza que não serve apenas para encher nossos olhos, mas para aguçar a nossa mente.

A arte nos encanta e deve nos encantar mesmo, pois ela tem a missão de exprimir o belo que há dentro de todos nós, o belo é o que devemos oferecer aos homens, não a maldade, não o desprezo. Ao expressarmos o sentido do belo que há em nós, estamos demonstrando a beleza de Deus e fazendo muitas pessoas se interessarem por esse caminho, um caminho de vida eterna.

A arte nos faz viajar na imaginação das coisas boas, ao levarmos nossos filhos num museu, por exemplo, devemos ter a certeza que estamos apresentando a ele um mundo talvez desconhecido. Aquele simples apresentar pode servir de incentivo para, quem sabe, ele se tornar um artista. Já pensou nisso?

A verdade é que não se pode subestimar o valor das artes, e nem o que ela pode levar nossas mentes a pensar.

É preciso estimular o pensar das pessoas, não podemos contribuir para que as pessoas vivam nesse mundo como se fossem zumbis, mas, mentes pensantes, não apenas pensantes, mas que pensem o bom, o belo, o correto.

Nossa mente tem sede do belo, pois nossa mente tem sede de Deus. Por isso não devemos nos desviar do belo das artes, afinal de alguma forma ela nos aproxima de Deus e o que mais precisamos, sobretudo, nos tempos hodiernos é voltar nosso pensamento para Deus. Estamos assaltados de muitas coisas ruins que vem acontecendo no mundo inteiro, devemos renovar nossas forças em Deus para poder seguir em frente nossa vida.

Feliz da pessoa que ao entrar numa igreja católica que trás arquitetura que fala de Deus, como por exemplo a Igreja da Candelária no Rio de Janeiro, não passa despercebida pela beleza arquitetônica daquele templo dedicado a Deus e à Virgem Maria. E assim eu poderia listar um número grande de belas igrejas católicas que servem de inspiração para poder enxergar a beleza de Deus, e antever aquilo que veremos no céu.

Triste da pessoa que considera arte ver outra abrir uma lata com um abridor, lastimável saber que pessoas saem de suas casas para ver tal tipo de "arte" e infelizmente isso existe aos montes no Brasil. Sobretudo, porém, a luta do bem contra o mal segue, e o Bem – que é Deus – vai vencer e teremos uma nova fase na vida social.

Outra forma de arte bela que podemos apreciar e sem precisar ir aos museus, são as pessoas bem vestidas, com roupas respeitosas. A volta da modéstia é indispensável para observarmos esse tipo de arte nas ruas, mulheres usando chapéus, com seus vestidos decorosos, homens com terno e gravata, ou pelos menos com camisa social e quem sabe de chapéu também, crianças com roupa de crianças. Se pararmos para pensar não é muito difícil fazer esse estilo de vida voltar.

É preciso revalorizar as artes, seria muito bom se as novas igrejas que serão construídas sigam o padrão das igrejas antigas, que nos levam a rezar. Seria bom que os padres tomassem conhecimento que a arquitetura da igreja também deve ser levada em conta no quesito evangelização.

Nossas igrejas não podem ser semelhantes às igrejas protestantes, nossas igrejas devem expressar a catolicidade da fé, ou seja, que elas tenham um estilo mais ou menos parecido, que sejam exploradas as artes que fazem da igreja um pedacinho do céu.

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