A guerra dos panos

08/08/2022

Por Pe. Frei Marcelo Aquino, O.Carm.

Na história da Igreja, muitas foram as guerras enfrentadas pelo mundo e pela Igreja; muitas delas foram tão nefastas que causaram muitas feridas e mortes corporais e espirituais. Uma delas foi a "guerra das heresias", que é assim chamada por mim, pois compreende o período do surgimento das mais diversas heresias e foi muito prejudicial e penoso ao corpo de Cristo, que é a Igreja.

Hoje, surge e ressurge (digo isso por causa de suas pausas e retornos) uma "guerra" sem causa, o que podemos chamar de guerra dos panos ou guerra das rendas. Volta e meia reaparecem aqueles detratores da tradição que resolvem apontar seu canhão em direção aos sacerdotes que ousam usar vestimentas que a Igreja sempre usou. Existe um sentimento de desprezo às coisas do passado, e o pior de tudo isso é que esse desprezo é acentuado nas coisas sagradas.

Mas como se dá esse dito desprezo? Pois bem, me aterei a citar alguns exemplos que nos mostrarão como se dá essa perseguição aos paramentos dignos empregados na ação litúrgica e não apenas aos paramentos, mas aos sacerdotes que ousam usá-los.

Em primeiro lugar, se faz necessário lembrar que a Igreja começou a fazer uso desses paramentos faz muitos séculos e, portanto, não se pode acusar os sacerdotes que utilizam deles de ficar "criando moda".

Se visitarmos as páginas da história da Igreja, vamos perceber que tais paramentos eram usados para ajudar a elevar nossos pensamentos às coisas divinas.

O Cura d'Ars dizia que "O sacerdote é um camponês que se veste de príncipe para celebrar os santos mistérios".

O uso dos paramentos dignos não foi proibido pela santa Mãe Igreja. O tempo foi passando, e chegou uma época em que a liturgia foi totalmente esvaziada de sua sacralidade. A missa ganhou uma forma simplória, e essa forma favoreceu que os ministros sagrados fossem cada vez mais se "despojando" dos sinais do sagrado, o que tornou um "massacre" ao culto divino. Foi-se tirando tudo que era simbólico e que muito dizia à nossa fé, foi sendo abolido do uso no culto divino, e isso prejudicou em primeiro lugar os próprios sacerdotes, que agiam mais próximo possível do culto divino, pois são os agentes principais da liturgia. Então, os sacerdotes começaram a ver esvaziada sua fé e começaram a não mais crer nas verdades divinas, e o pior, passaram a ensinar erroneamente a sua descrença no sagrado para a assembleia.

Esse esvaziamento foi quase que total, pois o altar que era ornado de velas e cruz, agora traz no máximo uma toalha. Nós olhamos para o altar e vemos nada mais que uma simples mesa, que não remete ao sacrifício redentor de Nosso Senhor. Depois do altar, a revolução veio aos paramentos, e chegamos ao cúmulo de ver sacerdotes celebrarem a missa até sem alva. Casula virou peça de museu, e o padre mais bem paramentado veste no máximo túnica e estola, que nem sempre precisa obedecer à regra litúrgica das cores.

O tempo foi se adiantando, e começaram a empregar paramentos estranhos à liturgia católica, e isso começou a provocar uma nova maneira de lutar contra essa arbitrariedade ao Culto Divino. Foram surgindo sacerdotes que redescobriram a Beleza da Liturgia, e assim começou de novo a se empregar paramentos belos, alvas de renda, uso do barrete e uso do turíbulo. Tudo isso são coisas "antigas", e essas coisas antigas ferem o ego de quem não aceita que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre, e que, portanto, a Igreja fiel ao seu Divino Fundador não pode ser a Igreja da novidade, ela precisa ser a Igreja de Sempre.

Os que se opõem ao uso de rendas na liturgia alegam que isso faz ocultar o Sacerdote por excelência. No entanto, a realidade mostra o contrário. O uso de paramentos afros nos desvirtua do sacrifício celebrado, a vida, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A dignidade dos paramentos serve unicamente para engrandecer o Sumo e eterno sacerdote. A ojeriza aos paramentos dignos não é apenas negação da alva de renda, mas é a negação dos sacramentos, negação da confissão sacramental, negação da adoração ao Santíssimo Sacramento, negação da reza do Rosário, negação das práticas de piedade cristã, negação do uso da batina, negação da consagração pelo método de São Luís Grignion de Montfort.

Nós da era Bento XVI vemos o mundo com os olhos de Deus e queremos utilizar dos meios que Deus nos dispõe para fazer chegar ao coração humano os desígnios de Deus. Queremos utilizar dos meios que sempre foram usados pela Igreja para fazer chegar ao coração humano a mensagem de Deus, o amor do Coração de Jesus!

O emprego de alvas de renda engrandece os Santos Sacramentos e nos coloca em sintonia com o mistério celebrado. Muitos fiéis afirmam que veem na beleza da liturgia o refulgir da glória de Deus.

A Igreja Católica é a Igreja dos símbolos, pois ela viu que esse meio é caminho para fazer entrar sobretudo no coração dos mais humildes a mensagem de Cristo Jesus! Por esse motivo, as Igrejas sempre foram muito bem ornadas de vitrais, imagens e pinturas, tudo com o objetivo de fazer chegar ao coração dos fiéis a sublime mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

No mundo atual, tudo é aceitável, até um sacerdote celebrar a missa de sunga sem nenhum paramento dentro do mar, usando uma boia como altar, exceto o uso de paramentos dignos na liturgia.

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