A Idade das trevas?

19/12/2023

Por Pe. Frei Marcelo Aquino, O. Carm 

O senso comum muitas vezes nos engana.
A verdade não pode ser velada, deturpada e nem vilipendiada.
A deturpação da verdade é de grande prejuízo para os homens, pois a verdade deve nortear a sociedade.

Os cidadãos só tomam remédio por acreditar na verdade de que, àquela pílula servirá para resolver determinado problema de saúde enfrentado por ele, e assim temos diversos exemplos de que a verdade é o norte das decisões dos homens. Por isso faz-se necessário o cultivo da preservação da verdade.

Tudo isso para levar-nos a reflexão acerca da conhecida de todos chamada Idade das trevas. Nosso intento aqui é mostrar que essa é uma das verdades que foi deturpada, distorcida e por que não dizer, vilipendiada.

Recorrendo a registros históricos, sabemos que na chamada "Idade das trevas", repercutiu alguns dos acontecimentos mais nobres e importantes da história da humanidade, tentarei aqui trazer à tona alguns desses. Por exemplo, no período que compreende a "Idade das trevas" é o mesmo período em que foi fundado pela Igreja o sistema universitário. A Universidade Al Quaraouiyine fundada no Marrocos em 859, a Universidade de Bolonha em 1088, Universidade de Oxford em 1096 e a Universidade de Paris em 1170.

Agora abro um adendo aqui, pois, é interessante parar para pensar que numa época considerada das "trevas" se abriam universidades para estimular o pensamento. (Duvidosa essa idade das trevas).

Seguindo o pensamento, passemos adiante, agora falemos de autores produzidos pela falta de luz.
Comecemos por Santo Agostinho (354-430) numa "época de trevas", produziu obras magistrais, tais como Confissões, A cidade de Deus, Sobre a vida feliz, Sobre a potencialidade da alma, A verdadeira religião… Terei que parar aqui, pois a "Idade trevas" não se resume a Santo Agostinho.
Temos também outros autores obscuros tais como Santo Tomás de Aquino (1225- 1274) grande escritor, teólogo e filósofo, autor de numerosas obras, sua mais eloquente chama-se Suma Teológica, foi regente mestre da Universidade de Paris por duas vezes. São Bernardo de Claraval (1090- 1153) foi um monge cistenciense, uma de suas obras Sobre a Graça e o Livre Arbítrio escrita por volta de (1128). Geoffrey Chaucer (1343- 1400) considerado o pai da literatura inglesa, foi também filósofo, cortesão e diplomata inglês. Caedmon considerado o mais antigo poeta inglês, temos também o Gil Vicente (1465- 1536) este português pertenceu a Idade Média, mas faleceu já no início da idade Moderna. Francesco Petrarca (1304- 1374) italiano considerado o inventor do soneto. O papa Gregório I instituiu o canto litúrgico que posteriormente ficou conhecido por canto gregoriano, em alusão a seu nome. Johannes Gutenberg (1398 -1468) inventou a imprensa escrita, o monge alemão Tomás de Kempis (1379- 1471) escreveu uma obra chamada Imitação de Cristo, até hoje é uma luz para a espiritualidade, e não só para a espiritualidade.

Analisando esses poucos registros históricos de feitos grandiosos na "Idade das trevas", se nós conseguíssemos pensar com retidão e gosto pela verdade dos fatos, chegaremos a uma triste constatação: Infelizmente a verdadeira Idade das trevas é a que vivemos atualmente e que não começou agora.

A nossa época que é tida como o período do avanço tecnológico e humano. Pois bem, é lamentável constatar que estamos nos enganando e enganando os outros, pois uma época em que cantores não sabem passar nada de digno em suas músicas, numa época em que as músicas que fazem sucesso não dizem absolutamente nada, as músicas feitas nos nossos dias falam apenas de "poeira, beber cair levantar, tranquilo e favorável, ai se eu te pego" e assim temos uma infinidade de exemplos que não são exemplo de cultura no sentido estrito da palavra.

Nós vivemos numa época em que não há um grande autor, no sentido de um autor que produz uma obra para a posteridade, nós temos é bem verdade autores que escrevem livros que vendem muito, mas que não dizem nada. Temos autores que são considerados best sellers, mas que não oferecem ao leitor uma vírgula de profundidade em suas obras sobre anjos, sobre duendes, sobre alienígenas.

É triste constatar, mas nós estamos mergulhados numa verdadeira idade das trevas, essa sociedade de hoje sim é uma sociedade das trevas quando faz opções contrárias à cultura, como por exemplo o costume sempre crescente de abreviar as palavras, tanto faladas como escritas, os costumes novos trazem coisas velhas, como por exemplo, falar do jeito que falávamos antes de ingressar na escola.

Hoje, na época do avanço, alunos de escolas fazem protestos pelo direito de ir seminus para o ambiente de estudo, na "idade das trevas", não se perdia tempo com coisas frívolas como nos dias hodiernos, mas é aquela época que se considera como sendo a das trevas.

Hoje o protesto não é por educação de qualidade, mas pelo direito de usar o celular durante a aula, o direito de usar o computador na aula, o direito de chegar mais tarde na aula, o direito de usar qualquer tipo de roupa no ambiente de estudos, o direito de arrumar as cadeiras em forma de círculo e não mais aquele jeito "arcaico" de fileiras.

Lamento informar, mas em pleno século XXI nos encontramos na maior das idades das trevas que o mundo já pode atravessar.

O direito buscado hoje, é, o de matar o filho dentro do ventre, o direito de desligar o aparelho que mantém alguém vivo, o direito de usar entorpecentes, o direito de ensinar as crianças que elas não têm sexo, o direito de auto intitular-se "vadias", e assim temos nesta época em que vivemos, neste início do século XXI uma variedade de novos valores, valores esses que agridem a dignidade humana como nunca, mas que são vendidos para os desinformados como sendo uma luz nas trevas. Na verdade nos dão lobos com pele de cordeiros.

Realmente é lamentável chegar a essa constatação, mas, horrivelmente estamos na Idade das Trevas.
Dado a conhecer todos esses fatos, precisamos nos empenhar no resgate da Verdade, pois só no cultivo da Verdade, vamos avançar no progresso humano e intelectual.

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