A importância da confissão
Por Pe. Frei Marcelo Aquino, O. Carm
O Sacramento da Reconciliação é como a segunda chance de Deus para os homens. Mas a segunda chance aqui não significa que é só uma vez; depois do primeiro perdão, você está convidado a procurar a misericórdia de Deus novamente. Deus não dorme no confessionário, ele está lá esperando por você. Aliás, Deus não dorme, como diz o salmista: "Ó, não dorme nem cochila aquele que é o guarda de Israel." (Sl 121,4).
A Igreja, aqui me refiro ao povo de Deus, precisa mergulhar na profundidade do amor de Deus manifestado na administração do sacramento da reconciliação. É necessário formar os fiéis urgentemente a respeito da dádiva para a nossa alma que este sacramento representa.
Primeiramente, é salutar fazer saber que o Sacramento da Reconciliação pode ser chamado de várias formas: sacramento da penitência, sacramento da confissão e o primeiro dito outrora. Saber que todos esses nomes têm seu valor para manifestar o que de fato representam em nossa vida. Esse sacramento é da confissão, pois nos leva a obedecer à Escritura que diz: "A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem não perdoardes, eles serão retidos." (Jo 20, 23). Nosso Senhor Jesus Cristo disse isso ao colégio dos Apóstolos; ele não disse isso ao povo em geral, portanto, a confissão é legitimada pela Escritura.
Em outras passagens bíblicas, pode-se encontrar outras recomendações de confissão, porém não podemos esquecer nunca que nós somos católicos e, portanto, não exigimos que tudo esteja na Bíblia, pois esta é filha da Igreja e não o contrário.
O sacramento da penitência tem razão de assim ser chamado porque neste sacramento realizamos uma penitência. Ninguém vai ao confessionário feliz da vida porque pecou; antes, vai com dor na alma, por ter ofendido a Deus, que é sumamente bom e digno de ser amado, como diz o ato de contrição.
E por fim, o nome oficial, sacramento da reconciliação. E por que esse nome? O nome já responde, porque este sacramento nos proporciona reconciliar com Deus.
Quando caímos no pecado, estamos brigados com Deus. Como é que um pai se sente quando um filho faz aquilo que ele não queria? Feliz ou triste? Se o leitor goza de boa mentalidade, com certeza responderá que é triste, pois o filho deve fazer coisas que agradam ao pai para poder reconciliar-se com ele. Assim acontece conosco, brigados com Deus, estamos privados de sua amizade, então recorremos ao tribunal da misericórdia – o confessionário – e, ali, acontece uma ação que confunde a cabeça dos homens, como é peculiar nas ações de Deus.
Mas por que confunde a cabeça dos homens? Porque neste tribunal, diferente do tribunal dos homens, o réu, tendo confessado sua culpa, ao invés de ser condenado, é absolvido. Isso soa como um completo absurdo nas mentes humanas. Onde já se viu, o culpado merece as penas e não a liberdade. Pois é, mas Deus não tem os pensamentos humanos, já dizia o profeta Isaías: "Os pensamentos de Deus estão tão distantes dos vossos pensamentos, como o céu está distante da terra." (Is 55, 8-9).
Aqui abrimos nosso entendimento e buscamos a confissão, se formos honestos intelectualmente, pois se não o formos, vamos continuar repetindo o que o satanás adora ouvir, "só Deus pode perdoar pecados", "não me confesso com um pecador", etc.
Com esse tipo de pensamento você caminha a passos largos para as profundezas dos infernos, pois não está seguindo ao desejo de Deus, que é o de que todos sejam santos, mas ao ensinamento dos homens que não são infalíveis e, portanto, nos levam à perdição.
Só uma Igreja de ensinamentos infalíveis tem o privilégio de tornar seus fiéis santos como Deus quer, e um dos caminhos é a confissão dos pecados, mediante o arrependimento dos mesmos.
Pois bem, se todo católico soubesse que quando se confessa, ele é autor de um terremoto nos infernos, jamais se esquivaria desse prêmio para a alma, pois, a alma do católico deve ser como a alma de um guerreiro com vontade de lutar, mas num combate espiritual onde os filhos de Deus lutam para que o maior número possível de almas entre no aprisco de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A grande alegria do católico deveria ser converter os hereges para que mais almas entrem em comunhão com Deus.
E a nossa luta deve começar dentro da Igreja, convertendo "católicos" que não acreditam na eficácia da confissão.
Nossa luta deve ser para que nunca a vergonha nos prive da reconciliação com Deus, mas que tenhamos em mente que não podemos deixar o juiz da misericórdia lá no tribunal nos esperando para nos dar o conforto da alma. Devemos frequentar sempre o confessionário e, em retribuição, manifestarmos nosso amor nas coisas referentes a Deus e nas pessoas que são imagens de Deus.
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