O Ser do Sacerdote
Por frei Marcelo Aquino, O. Carm
A dignidade sacerdotal provém de Cristo Jesus, único e eterno sacerdote.
O dia do sacerdote serve para levar os chamados ao divino serviço à reflexão: será que estou sendo aquilo para que fui chamado pelo Divino Mestre?
Na verdade, a vida sacerdotal seria muito mais frutuosa, se todos os dias os sacerdotes na sua oração pessoal fizessem essa pergunta a si mesmo.
Aos leitores uma pergunta se torna inevitável: você conhece um sacerdote que por seu comportamento leva os fiéis a fazerem julgamento de suas próprias vidas? Atrevo-me a dizer que muitos conhecem sim.
São aqueles sacerdotes que embora o sejam, e para trasvestirem-se de "humildes", não querem ser reconhecidos como sacerdotes nas ruas, por aqueles que acham ser desnecessário um sacerdote usar a veste talar, mesmo que a lei vigente da Igreja o obrigue (CDC Cân 284).
"Os clérigos usem hábito eclesiástico conveniente, de acordo com as normas dadas pela Conferência dos Bispos e com os legítimos costumes locais." Mas aqui descobrimos que o simples não usar habito seja o mau dos sacerdotes, não. Pior do que não usar hábito, é não ter doutrina.
No século V, o Papa Celestino I disse que "mais importante que a vestimenta do sacerdote é a doutrina que ele prega". Ora, esse papa estava errado? Não, absolutamente. Vejamos, e o que é mais importante?
Um padre que usa batina e, contudo, ensina coisas horrendas em suas homilias e também no dia a dia? Ou, um que não usa e, entretanto, prega tão somente o que Cristo Jesus nos deixou? É claro que é a segunda opção.
O problema gritante dos tempos hodiernos, é que os sacerdotes não fazem uso de nem um e nem de outro, nem da batina e nem da doutrina. Não todos, pois se assim o fosse o mundo estaria perdido.
Deus nunca priva toda a Igreja de bons sacerdotes, quando um aqui é desse jeito, outro acolá é de outro jeito. O bom seria mesmo que todos os sacerdotes imitassem a Cristo Jesus, Bom Pastor.
Um sacerdote bem formado sabe que a sagrada ordenação presbiteral imprime caráter, isto significa, que aquele homem que se prostrou no chão, fica, e um homem novo levanta. Nosso Senhor Jesus Cristo o reveste com as vestes dEle, por isso o sacerdote celebra in persona Christi, ou seja na pessoa de Cristo. Mas para que o sacerdote traga consigo essa consciência, primeiro ele tem de ter a devida formação, segundo deve ter reta intenção no exercício do ministério, além é claro, da vocação; sem ela ele será tudo, menos um sacerdote de Cristo.
Os fiéis devem sustentar a vida de cada sacerdote com as orações constantes, pois eles são perseguidos por satanás todos os dias, para abandonar a sublime missão.
Um bispo carmelita que morrera com fama de santidade, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, disse que Jesus deve ser tudo para o padre. Ora, se Nosso Senhor deve ser tudo para o padre, então o padre deve dedicar toda a sua vida por Jesus, fugir das distrações e de tudo que pode levá-lo a esquecer sua sublime missão.
Já o Santo Cura d' Ars disse: "O sacerdote é o amor do Coração de Jesus." Um sacerdote deve transparecer a imagem de Cristo, e agir como Cristo pensando sempre no maior bem das almas.
Também deve fazer parte da vida do sacerdote a oração constante. Homens da oração, assim eles são chamados. Um sacerdote deve ter prazer em falar das coisas de Deus, em fazer as coisas de Deus, em governar o povo de Deus, não como autoridades que os oprimem, mas, como bons pastores que dão a vida pelas ovelhas.
Por esta razão, se faz urgente a necessidade de se rezar e pedir que outros rezem, para que os maus sacerdotes voltem à sua vocação primeira, e voltem a defender a Cristo em tudo, pois como disse Dom Henrique Soares: "No mundo existe ong para defender tudo, menos a Cristo Jesus". Ora, os sacerdotes deviam ser a ong que defendem Cristo, mas o que vemos é justamente o contrário, salvo raras exceções, há sacerdotes que impedem os fiéis de serem piedosos com o Santíssimo Sacramento, que não permitem que as mulheres usem véu em suas igrejas (vale lembrar que a Igreja não pertence aos padres, mas a Nosso Senhor Jesus Cristo).
Voltamos então ao problema da doutrina, já que os sacerdotes acham ser um jugo muito pesado carregar uma batina e A Doutrina, então que fique ao menos com a Doutrina, mas que se empenhe para levar a frente a doutrina do divino fundador, não novas doutrinas, que o mundo nos impõe, para arrastar as almas para as profundezas dos infernos.
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