Uma Sociedade Doente
Por Pe. Frei Marcelo Aquino, O. Carm
O mundo, a cada dia que passa, vai "evoluindo" em muitos aspectos, mas há muitas áreas sofrendo grande influência negativa, para aqueles que ainda conseguem usar os neurônios que têm. As novas tecnologias que surgem constantemente tornam o ser humano cada vez menos pensante e mais escravo dos novos meios de comunicação. Os que usam celular vivem em um mundo à parte, praticamente não conversam mais pessoalmente com ninguém, permanecem com os olhos grudados nas telas dos aparelhos, sem se dar conta do que acontece ao redor. Contudo, esse não é o principal problema da enfermidade social. Esse comportamento tem um grande peso, mas o problema central são as nossas "consciências" formadas, que de consciência mesmo não têm nada.
Outro aspecto muito importante que demonstra a doença de nossa sociedade é a preferência pelos animais em detrimento dos filhos. Hoje, uma quantidade significativa de casais resolveu não ter filhos e colocou os cães no lugar das crianças, literalmente. Carregam-nos no colo e os colocam em carrinhos de bebê. Muitas pessoas se assustam quando olham dentro do carrinho e percebem que, na verdade, não há um bebê, mas sim um cachorro. Essas pessoas agora levam os animais até para as igrejas, assistem à missa com o cachorro no colo ou no carrinho e, se a loucura continuar aumentando, em breve poderão até exigir o "direito" de dar os sacramentos aos animais.
Estamos em uma fase extremamente avançada de doença social, que, infelizmente, só tende a piorar. Hoje, já é realidade encontrar pessoas sendo puxadas por uma coleira nas ruas, shoppings e até aeroportos. E a cada dia nos perguntamos novamente: o que ainda pode piorar diante de tudo isso? Os que governam as nações possuem preocupações excessivamente técnicas e nada humanas, o que resulta na modulação de uma sociedade doente e contaminadora dos que ainda se encontram sãos.
A Igreja já não tem mais autoridade para guiar a sociedade rumo ao bem comum, pois, a cada dia, os governos cerceiam as forças do cristianismo. Os motivos pelos quais a sociedade está doente são os mais diversos possíveis. No decorrer deste texto, tentarei trazer os mais variados exemplos sobre o tema proposto.
Infelizmente, há muitos na sociedade que acreditam que o
mundo será melhor se for implantado,
na cultura atual, o uso do gênero neutro.
A batalha que uma parte da sociedade trava para influenciar o restante é a ideia de que, se começarmos a usar o termo "todes" em vez de "todos", a sociedade dará um passo extraordinário rumo ao futuro. Pura idiotice.
No fim do século XIX e início do século XX, o teólogo convertido do protestantismo para o catolicismo, G. K. Chesterton, disse uma frase que sintetiza o período atual em que vivemos: "Virá um tempo em que a sociedade será bestializada". É uma pena constatar, mas essa época lamentavelmente chegou.
A sociedade em que vivemos discute se o bandido deve mesmo ser preso, se as pessoas realmente nascem com um sexo definido, se uma criança de oito anos tem ou não o direito de fazer uma cirurgia de mudança de sexo, se uma pessoa tem o direito de se casar consigo mesma, se um homem tem o direito de viver como um cachorro, se um adulto tem o direito de viver como criança, se uma pessoa que enxerga tem o direito de ser cega e furar os próprios olhos e, a mais gritante de todas, se uma mulher tem o direito de matar seu filho ainda no ventre.
Se todas essas lutas não são uma imersão na sociedade bestializada preconizada por Chesterton, então eu não sei o que é. Temos políticos que defendem que os pais não têm autoridade sobre os filhos e que os filhos são propriedade do governo. Temos políticos que defendem que o dono de uma propriedade não tem direito sobre ela. Temos políticos que defendem que existe uma "lógica" no assalto. Temos políticos que defendem que a pedofilia não deve ser tratada como um crime, mas como uma doença, e que o predador de crianças deve ser tratado com carinho. Existem políticos que defendem que as prisões precisam ser esvaziadas, assim como ativistas que defendem que não se deve matar o boi para o consumo humano, mas que, ao mesmo tempo, apoiam matar um bebê no ventre de uma mãe.
O nível de bestialidade está altíssimo e a
sociedade se encontra em um estado avançado
de doença, necessitando urgentemente de cura.
O motivo principal desse empobrecimento da sociedade atual é a ausência de Deus. Mas essa ausência não é por iniciativa de Deus; é o resultado de uma sociedade que se vê independente de Deus e, quando isso acontece, tudo se torna um caos.
As pessoas que têm a missão de formar opinião são detentoras dos pensamentos mais nefastos que se possa imaginar, e isso contribui, e muito, para a deterioração da sociedade como a conhecemos, abrindo espaço para outra sociedade que, ao contrário da primeira, deseja ditar novos costumes para moldar o novo modo de ser de seus membros.
O retorno à normalidade social está no resgate dos valores cristãos. A Igreja precisa ter seu lugar de mestra restituído e os homens precisam voltar a ouvir o que a Igreja diz: a felicidade verdadeira consiste em fazer a vontade de Deus.
Viva Cristo Rei e a Imaculada Conceição!
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